Vi um dia um gurizinho bem arteiro
Bulinava em casa as coisas o dia inteiro
Não parava quieto: pulava e fazia estripulia
E se reclamavam, logo ele virava Maria
Maria escombona.
Êta guri malino!
Queria voar igual a uma muriçoca
Daquelas que quando mordem logo se coça
Visitava o pai no trabalho, fazendo enxame
E logo voltava pra casa, pra comer inhame
Êta guri esfomeado!
Na rua, só andava de bicicleta
Desenhava no chão uma ou outra seta
Vinha veloz e dava uma rabiada
E às vezes saia com uma perna machucada
Êta guri arteiro!
A mãe da cozinha gritava:
"Avia menino, vai já tomar banho"
E ele do quarto chorava:
"Quero não mainha, tô com uma pereba desse tamanho"
Êta guri coisado!
Mainha olhava a ferida, já com cara de sabida:
Trazia uma boa pomada, que deixava a perna ardida
"Chore não meu fio, quem mandou ser maluvido?"
"Tome logo o seu banho, e lembre de lavar o imbigo"
Êta guri lodento!
Uma ruma de vizinho já conhecia o tal guri
Um fuxico todo dia, só se ouvia o ti-ti-ti
E ele, pra não se deixar esculhambar
Assustava os gatos daquele povo, que só sabia cabuetar
Êta guri tucudo!
Futucando um dia no baú do velho avô
Encontrou um estilingue, imaginem o que aprontou
Saiu matando calango, acho que todos do mundo
Até que um o mordeu o pé, ele gritou: "ô fio do cabrunco"
Êta guri bocudo!
Era um guri feliz, futucando a esperança
De quem acha que um dia esqueceu de ser criança
Não seja paia, tire seu sapato
E sacuda a tristeza toda no mato
Êta guri felizardo!
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
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